• Grupo de Trabalho de Gestão e Liderança (GeT GeL)

    Elementos do GeT GeL:
    André Amaral Gomes,
    António Pais Martins,
    Carlos Simões Pereira,
    Catarina Monteiro,
    Cristina Isabel Amaral,
    Hugo Tavares,
    Joana Fernandes,
    José Artur Paiva,
    José Júlio Nóbrega,
    Mário Branco,
    Patrícia Cardoso,
    Paulo Martins,
    Rui Araújo,
    Vanda Seromenho

    Preâmbulo

    A Medicina Intensiva portuguesa tem feito um caminho de sólido desenvolvimento e afirmação no Sistema de Saúde, organizando-se em estruturas orgânicas hospitalares que evoluíram para Serviços de Medicina Intensiva (SMI), regulamentando a formação de médicos e enfermeiros até uma matriz de especialidade e estruturando uma Rede de Referenciação que permite funcionamento em sistema hub-and-spoke.

    Para a maximização do desenvolvimento de cada SMI e da Rede, há necessidade de implementar um modelo de qualidade, que garanta, para cada SMI, uma fluida realização de plano, avaliação, controlo e melhoria de qualidade. É necessário igualmente promover inteligência, transparência, mobilidade, trabalho em rede e colaboração entre SMI.

    A existência de registo clínico eletrónico em todos os SMI facilita esta estratégia. No entanto, a transformação dos dados obtidos a partir desse registo em conhecimento e em indicadores, permitindo diagnóstico de áreas para melhoria de qualidade, desenho de intervenções e medição de mudanças de qualidade, é ainda imperfeita e insuficiente.

    O Grupo de Trabalho de Gestão e Liderança (GeT GeL) da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos (SPCI), formado por nove médicos e cinco enfermeiros, tem como visão a implementação de um sistema colaborativo de melhoria contínua de qualidade na Medicina Intensiva portuguesa.

    Decidimos, nesta primeira fase, definir uma matriz de indicadores de qualidade assistencial, isto é de elementos mensuráveis da qualidade assistencial para os quais há evidência ou consenso e que podem ser usados para avaliar a qualidade e a sua alteração ao longo do tempo. Quisemos um grupo de indicadores fundamentais comuns a todos os SMI nacionais, com elevada exequibilidade e validade, que permitam a comparação de cada SMI consigo próprio ao longo do tempo e a transferência com adaptações entre SMI de intervenções de melhoria de qualidade que tiverem sucesso.

    Para a definição deste grupo de indicadores de qualidade assistencial fundamentais foi seguida uma metodologia que incluiu: a) avaliação da situação atual dos SMI em termos de política de qualidade, através de inquérito semi-estruturado enviado a todos as direções de SMI; b) consensualização entre os catorze elementos do GeT GeL, através de metodologias Delphi e nominal de Delbecq, dos indicadores de qualidade considerados fundamentais; c) consideração de contributos obtidos, através de discussão pública de um documento preliminar, entre os associados da SPCI.

    Para cada um dos indicadores definidos foi construído um bilhete de identidade que constitui a anatomia de cada indicador, incluindo tipo, dimensão, justificação, fórmula, explicação dos termos da fórmula, população, fonte dos dados, standard, meta e referências bibliográficas. Os vinte e cinco indicadores obtidos cobrem estrutura, processo e resultado e múltiplas dimensões de qualidade.

    Este é o primeiro passo do processo que nos levará à implementação do Sistema Colaborativo de Melhoria Contínua de Qualidade Assistencial. O GeT GeL está já a trabalhar na facilitação da obtenção automatizada destes indicadores em cada SMI e, posteriormente, trabalharemos a constituição de uma base de dados colaborativa onde serão vertidos os dados dos vários SMI que queiram participar no Sistema, constituindo o ambiente de melhoria colaborativa e sinérgica.

    Gostaríamos que todos os SMI participassem no Sistema de Qualidade. Na sua construção, na sua execução e na sua partilha. Ele é vosso e para vós.

    Agosto 2025, GeT GeL da SPCI